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Parceria celebrada no arranque desta época * Allstar Project decidiu patrocinar e vestir equipa de futebol encorajada por forte apelo do coração * Editora também se associou à ideia
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PEDRO CADIMA
SPORT CLUBE LEIRIA E MARRAZES, um emblema com tradição à beira Lis, bem mais antigo que o U. Leiria. Allstar Project, grupo de Leiria formado em 2001 já com dois discos editados e prestes a dar à luz o segundo álbum longa duração.
Geografia à parte, a relação entre o Leiria e Marrazes e a banda Allstar Project conta-se por uma parceria inédita em Portugal, celebrada entre um clube e um grupo de música, que se tornou patrocinador da equipa de futebol no arranque da época 2008/09.
«Nasceu de uma conversa de amigos, atiraram-se ideias para o ar e de repente tínhamos isto em mente. Debatemos a viabilidade do projecto e levámos a coisa a sério. Numa semana apresentámos a nossa proposta à Direcção», relata Nuno Filipe, um dos guitarristas do grupo.
A música entra em força (e com qualidade) pelo balneário do mais bairrista emblema leiriense, já que também a editora Rastilho Records alinhou neste casamento, cravando o seu nome e o seu logótipo na camisola do Sport Clube Leiria e Marrazes. O equipamento é, aliás, comercializado na loja online e na sede do clube.
antigo jogador na banda
Uma ligação que está para durar, apesar de ter falhado a subida à III Divisão. São laços afectivos descomunais, decididamente inquebráveis, que unem os jovens músicos e também Pedro Vindeirinho, da Rastilho Records, ao Marrazes, onde iniciou a carreira o guarda-redes Rui Patrício.
«Eu joguei no clube tal como o Pedro. Por aí ficou facilitada a nossa aproximação à Direcção. Por outro lado, o presidente estava apostado em renovar a imagem do clube. A nossa ideia, inovadora, foi ao encontro dos seus objectivos e a receptividade das pessoas tem sido positiva», destaca Tiago Carvalho.
Orgulhosamente adeptos apaixonados, são também músicos bem sucedidos, reconhecidamente cimeiros enquanto membros dos Allstar Project no panorama pós-rock nacional. A música é instrumental, a linguagem explode nas guitarras, ora com carga ruidosa, ora com excelência ambiental.
O guitarrista Tiago Carvalho constitui o mais forte elo de ligação da banda ao clube, enquanto ex-jogador da formação do Marrazes. Um destacado impulsionador de uma ideia, que passou à prática de uma forma surpreendentemente curta, acariciada pela pujança do sentimento. Mais do que qualquer espécie de contrapartidas, os Allstar Project suspiram pelo regresso do Marrazes à III Divisão. Emprestar o nome da banda ao clube, revesti-lo de patrocinador, tão somente atesta o profundo carinho.
«O que mais queremos é o clube nos nacionais. O nosso público não é propriamente aquele que vai aos jogos. Acontece mais o inverso. Os nossos amigos, que vão aos nossos concertos, é que acabam por andar mais curiosos e ligam mais ao Marrazes», explica o baterista Tiago Veloso.
Exemplo de Inglaterra
Revolucionários em Portugal por oferecerem patrocínio a um clube de futebol, os Allstar Project desconhecem outros casos semelhantes mas chegaram a ser informados das ideias de uns senhores de Manchester: os bem conhecidos Oasis, reputada banda rock que continua a fazer furor, sempre com polémicas à mistura. Muito badalada sempre foi a paixão dos irmãos Gallagher pelo futebol.
«Sei que eles tentaram fazer passar o seu nome como apoio oficial do Manchester City. Mas, pronto, isso acabou por não ir para a frente. Pelos vistos, uns tentam, outros conseguem», ironiza Tiago Carvalho, em registo de incontornável brincadeira.
E será este um modelo praticável ao alto nível em Portugal? «Tudo é possível. Se os Xutos pagarem mais que a TMN pode ser apetecível. Acho que depende dessas circunstâncias», frisa Tiago Carvalho.
Do colega Nuno Filipe sai outro desafio:
— Era bom e engraçado que outras bandas patrocinassem clubes. Assim já podíamos instituir um troféu.